quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Um Marley em minha casa

No dia que resgatei o Zé e convenci a mãe a deixar que ele ficasse aqui em casa sabia que estava assumindo uma enorme responsabilidade. As primeiras noites foram de choro e algo desesperado, até que ele parou no meu quarto. Esse foi só o começo de meses em que minhas tardes ganharam tarefas diferentes, minhas noites tem resmungos e minhas manhãs choros antes das 8 horas.

Desde de maio podemos contabilizar dois pedaços a menos no sofá, alguns lençóis rasgados, a capa do acolchoado sem botões, o chapéu preferido do pai sem aba (era o oh aquilo), a minha bota sem fivela, a pantufa da Betty Boop que eu perdi na primeira semana, o disco de vinil do Chico Buarque, o meu gloss mais brilhoso (o preferido da Pietra), o cadarço do meu tênis.

De que vale tudo isso? O que eu ainda faço com esse cachorro em casa? Vale o amor, o carinho, o abraço que está ficando gigante. Vale cada chegada em casa, cada brinquedo que ele entrega. Não sou uma pessoa doente, mas posso ter dois cachorros dentro de casa porque eles me fazem bem. Tive dias complicados aqueles que dou choque no olhar e o Zé, versão Marley amoroso, e a Amora não se importaram com isso. Enfrentamos o inverno mais chuvoso que me lembro nos últimos anos, foram cerca de 15 dias trancados dentro de casa e sendo salvos pelos jornais.

Pouco importa se os jornais viram monstros e ele precisa atacar, destroçar, picar. Grande coisa que o saco de plástico que alguém jogou fora do lixo (esse sim errou) e ele despedaçou pela casa. É só juntar. O que fica é amor, é felicidade, é sorriso, é lambida. Posso lavar e varrer a casa quantas vezes for preciso, é só adaptar as rotinas.

A lealdade não há o que pague, muito menos a cumplicidade do olhar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Adeus, Orkut!

Buddy Poke trocava de roupa e podia convidar os amigos para atividades
Não tive computador no boom do ICQ, o meu desktop chegou na transição para o MSN. Entre o bate-papo no site do Terra e o Messenger eu já estava online. Teoricamente né, em uma conexão discada para ser usada depois da meia-noite, e aos sábados depois das 14 horas ao longo do fim de semana. Foi nesse mundo meio lento com um discador do Ibest que recebi o convite para o Orkut. Sim, para adentrar a rede social era preciso ser convidado por alguém que já estivesse cadastrado.

Recebi o esperado (e pedido) convite da Shanna. Descobri o Orkut junto com todo mundo e aos poucos fui desvendando aquela maravilha que fazia com que a gente encontrasse pessoas que moravam longe, era possível acompanhar por fotos (apenas 12 de início) como elas estavam. Quando as atualizações começaram a aparecer na timeline, que maravilha. Até hoje digo que o Orkut era muito mais eficiente que o Facebook para notificar sobre aniversário. Recados coloridos, animados, com vídeos, fotos. Páginas sem “scraps”, só os especiais permaneciam ali.

E os visitantes do perfil? Puts, como stalkear (essa palavra nem existia) alguém se a pessoa ia saber que eu tinha estado por lá. Desativa as visitas, mas e aí eu não vou saber quem entrou no meu, ativa as visitas. Era um dilema sem fim. Não aceitar aquele depoimento, afinal veio por “testemonial” é tipo uma mensagem direta do Twitter. Ou aceitar aquele especial ou o de frases prontas e típicas “te conheço há pouco tempo, mas já te considero”.

Era divertido, conheci pessoas pelo Orkut, elas foram minhas amigas ali naquele mundo e foi bom. Relutei a emplacar no Facebook, matinha as duas redes, acabei saindo quando fiquei sem contatos no Orkut. Mas poderei contar um dia para os meus filhos e para os meus netos que eu fui um “Buddy Poke”, tive um super restaurante no Café Mania e mantive uma fazendinha feliz ou qualquer coisa. Já que o Orkut vai ser coisa do passado, a partir do dia 30 de setembro, quando ele sai definitivamente do ar.

FOTOS

A maioria dos usuários do Orkut deixou a rede social sem se preocupar em salvar fotos ou fazer algum backup. Neste clima de despedida aproveito para dar uma dica: é possível importar as imagens publicadas no perfil do Orkut através do link http://www.orkut.com.br/AlbumsExport. Elas são salvas em um perfil do Google+. Ah, importante, é preciso ter uma conta de email do Google e um perfil na rede social da empresa. O processo é rápido e simples, e vale a pena, já que o Orkut guarda boas fotos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

#NaCozinha | Bolo de maçã com canela

Maçã, canela e mel três comidas que eu gosto unidas em um bolo, deveria ser bom. A receita do Vida de Marília na Cozinha desta vez eu tirei de um jornal há alguns dias. Dei uma olhada por cima, não havia ingredientes mirabolantes e o tempo de forno era curtinho.

Pois bem, hoje foi o teste e optei por fazer apenas meia receita. Para as próximas vezes vou fazendo as minhas adaptações, afinal sou neta da Carminha, sobrinha da Alda, e por aí vai. A ideia é usar em outra oportunidade farinha integral.

Chega de enrolar, seguem os ingredientes:

- 2 maçãs sem casca picadas
- ½ xícara de açúcar
- 3 colheres de manteiga em temperatura ambiente
- 2 ovos
- ¼ xícara de leite
- 2 ½ xícaras de farinha de trigo
- 1 colher de sopa de mel
- 1 pitada de canela em pó
- 1 ½ colher de sopa de fermento

Na batedeira misture o açúcar e a manteiga, até ficar cremoso. Acrescente os ovos, bata bem. Junte o leite, o mel e a canela. Acrescente as maçãs, e deixe a batedeira de lado, misture com uma colher. A receita original sugeria ainda colocar castanha do Pará ou nozes picadinhas, eu não usei, não tinha em casa.

Agora acrescenta a farinha de trigo, peneirada, junto com o fermento. Misture bem e distribua na forma untada. Uma opção legal é usar forminha de cupcake, e no caso das de silicone não é preciso untar.

O tempo de forno é 25 minutos aproximadamente. É legal pré-aquecer por uns 10 minutos a 180 graus e na hora que for assar subir a temperatura para 200 graus.

O cheiro é uma delícia, foi super fácil de desinformar, e a consistência é bem boa. Mas, senti falta do gosto do mel. Apesar de ser só uma pitada de canela, ela se sobrepõe, fica gostoso, só que vou alterar algumas quantidades nas próximas tentativas.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Lar temporário do Caramelo

Foi um sábado que ele apareceu aqui na frente de casa, magro, de ancas caídas e carente de carinho. Ganhou um pouco de ração aqui outro ali. Naquele dia ele tinha uma coleira, de couro, surrada. Significava que ele tinha fugido, a procura de um lugar que não vivesse só de restos de comida.

No domingo ele saiu atrás do pai, e voltou sem coleira. Uma alma sem coração, e pior do que aquela que não cuidou dele, tirou a coleira do Caramelo. Ele seguiu rondando a nossa casa, saía atrás de nós e voltava fosse a distância que fosse. A casa tinha sido escolhida. Na segunda-feira começou o período de chuva que duraria quase duas semanas no Rio Grande do Sul, naquele dia ele se escondeu em algum cantinho. Mas, na terça ele voltou e estava novamente no portão.

Mais uma pancada de chuva forte e o pai não se conteve, colocou ele para o pátio. Contrariando as ordens da mãe que tinha proibido mais animais aqui, mas quem resiste? Ele ganhou um tapete e pano sequinho para dormir, uma cobertura, um prato de comida e um de água. Nos dias que seguiram era impossível tentar arrumar o pano dele, ele agarrava com força, não mordia não, era com as patas mesmo, abraçava como que dizia é meu e agora que tenho um lugar quentinho para dormir não quero que ninguém tire.

Foram dias de chuva e ele ali protegido, o olhar dele agradecia. O nome que eu dei ele já atendia, o Caramelo saía para a rua e ficava do lado de fora do portão para que a Amora e o Zé pudessem sair. Com a grade eles se entendiam, mas os três no mesmo pátio parecia faltar espaço. Ele acompanhou os passeios até a praça, caminhou com o pai e voltou sempre.

Era estranho, mas precisei colocar na cabeça que aqui era só o lar temporário do Caramelo. No último sábado ele mesmo conquistou uma nova família, pedindo carinho e com um olhar que só quem gosta de cachorro entende. Já mais gordinho e com a dose de vermífugo em dia ele foi embora. Vai ser bem cuidado, eu sei. Mas que é estranho, é, sair na frente da casa e ele não estar no cantinho dele.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sério que preciso esperar quatro anos?

É isso mesmo? Tenho que esperar mais quatro anos para ver mais uma Copa do Mundo? Que coisa deprimente. Gosto da Copa, do ar do Mundial, da overdose de jogos, da integração dos povos. Já contei aqui no blog minhas experiências com Copas e as minhas expectativas para 2014, e que não se confirmaram – em partes.

Terei do que lembrar, sim, mas não é algo tão bom assim. A Seleção Brasileira, pentacampeã, levou sete gols da Alemanha, SETE e não foi mais por sorte. E o Oscar, aquele que eu queria que fosse o cara da Copa do Mundo do Brasil, pelo menos fez o gol de honra no jogo do vexame. Uma semifinal histórica e um final no amargo quarto lugar, que convenhamos foi merecido. O time do Brasil não fez nada demais e astronômico que merecesse muito mais.

Vi um time ser campeão, sim um time e não um craque. Uma equipe, foi assim que a Alemanha foi tetracampeã. Poderia ficar ao longo de vários parágrafos descrevendo tudo que me encantou neles aqui, mas vou citar quatro coisas: - a simpatia deles com o povo da Bahia onde ficaram concentrados durante o Mundial, o espeito na goleada contra o Brasil com comemorações contidas mesmo com sete gols, o Podolski e as postagens dele no Twitter em português incluindo hastags como #sabadenadainocente e na hora de levantar a taça de campeão, quando não só o capitão fez o tão famoso gesto lançado por um brasileiro no bicampeonato canarinho, e sim um por um dos jogadores e o técnico com todos comemorando em volta.

Enfim, a Copa acabou e ainda é estranho que a programação da TV tenha voltando ao normal, que dias de jogo do Brasil não terão clima de sexta-feira em plena segunda e por aí vai. Das minhas expectativas: o Oscar não foi o cara. O Jô não foi o Gabiru, mas jogou mais que o Fred (cone). Aliás, o título de Gabiru da Copa do Mundo 2014 eu dou para o Götze, que saiu do banco da Alemanha e fez o gol do título no segundo tempo da prorrogação.

Depois de um mês posso dizer que vivi uma Copa no Brasil, não a nenhum estádio, mas foi no meu país. Cresci escutando que em 1950 o Mundial havia sido aqui, que o Brasil perdeu na final. Agora eu posso contar que a Copa do Mundo 2014 entrou para a história com 171 gols, empatada com o Mundial de 1998 na Austrália. A Costa Rica foi a zebra, passou pelo temido grupo da morte e chegou as quartas. Itália, Inglaterra, Espanha e Portugal voltaram para casa ainda na primeira fase. O Brasil seguiu com mais sorte que juízo. A Alemanha mereceu. A Argentina bateu na trave de ganhar uma Copa no Brasil, já imaginou o que seria o bullying? Mas, confesso, senti pena deles depois do gol alemão. Já passou.

O Gigante da Beira-Rio sediou jogos memoráveis. A festa de abertura foi sem graça, apagada e nada brasileira. O encerramento foi bem mais legal, teve samba e Ivete Sangalo. Até o Fuleco apareceu. Os brasileiros acharam o máximo vaiar a presidente no estádio no primeiro e no último jogo da Copa, só esqueceram que essa era a imagem que estava indo para o mundo todo e que fica bem mais bonito vaiar político na urna. Os protestos não aconteceram na grandiosidade que estava sendo prevista. Os que agouravam a Copa morderam a língua, ao que parece deu tudo certo e saiu tudo lindo.

Agora acabou, é preciso esperar quatro anos para ouvir novamente o “oeaaaaa” da musiquinha da Fifa na abertura dos jogos. A Rússia nos aguarda em 2018. Sobre ouvir o hino brasileiro no estádio cantado à capela, é inexplicável e as crianças que entravam com a Seleção cantando abraçadas, de arrepiar. Para isso, precisamos de jogos no Brasil. Agora resta o Brasileirão e o Inter, que costuma ter sorte em anos de Copa do Mundo.

Ah, acha que não vai aguentar esperar quatro anos? Então vista o PixelTilt e relembra 19 games de futebol.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

#NaCozinha | Receitas de Vó


No post comemorativo dos cinco anos do Vida do Marília comentei que o blog ganharia algumas coisinhas novas e todas com a ajuda do namorado. Pois bem, eis aqui o primeiro post pós aniversário e o assunto? Comida, mais exatamente comida de vó.

Quem me conhece consequentemente conhece a Vó Carminha, dona das melhores receitas e de algumas que só ela acerta. O mucreco, a torta de chocolate de todos os aniversários, a cobertura da nega maluca, são algumas das que eu nem tento fazer. Mas, o pastelão eu arrisquei e acertei.

O Vida de Marília na Cozinha vai ser assim: vou contar aqui algumas das minhas experiências gastronômicas. Hoje é receita de Vó, mas pode ser da internet, da vizinha e por aí vai. Enfim, o pastelão é supersimples de fazer, todos os ingredientes são batidos no liquidificador e o recheio é o que você preferir.

Fiz a receita para a janta em um sábado, mas cabe também para um café da tarde. No caso de uma refeição – almoço ou janta - salada e arroz acompanham bem.

Dá uma olhada nos ingredientes, nada de mistério:

- 4 ovos
- 2 copos de leite
- 2 xícaras de farinha
- 1 xícara de óleo
- 1 colher de fermento
- 3 colheres de queijo ralado

Bate todos os ingredientes no liquidificador. No caso do queijo ralado, eu amo queijo, então coloquei mais do que três colheres e foi a última coisa que coloquei para bater. Ah, não perdi tempo ralando queijo não, usei os de pacotinho pronto mesmo.

Em uma forma untada com um pouco de óleo coloca metade da massa e distribui o recheio. Escolhi frango desfiado, que já estava pronto, e acrescentei pedaços de queijo muçarela fatiado. A massa fica bem líquida e a tendência é que o recheio vá afundando nela. Para ficar um pouco pior (?) ainda acrescentei algumas colheradas de requeijão cremoso por cima. Aí sim despejei o restante da massa que havia ficado separada no liquidificador. Polvilhei queijo ralado antes de colocar no forno, o que deu um aspecto bem legal no fim e uma casquinha crocante.

O tempo de forno varia dependendo da potência de cada máquina, aqui em casa a 250 graus ele demorou 45 minutos para ficar pronto. O mínimo é 30 minutos. A receita é da Vó Carminha, os palpites e gordices de queijo em exagero e requeijão são meus. E modéstia à parte, ficou muito bom.

Testem, provem, espero que aprovem. O Vida de Marília na Cozinha volta em breve com mais alguma experiência minha no forno, fogão e até no micro-ondas.

Ps: A arte na imagem do post é do Daniel Rocha.

terça-feira, 1 de julho de 2014

5 anos do Vida de Marília

Arte: Daniel Rocha
O Vida de Marília completa cinco anos neste mês de julho. Criei ele em 2009 sem muitas pretensões, quase junto com o meu perfil no Twitter, um efeito das aulas na graduação de Jornalismo e a vontade de escrever e escrever.

Era um mundo meu no ambiente virtual - o nome já diz - e que só deveria interessar a quem me conhece ou de alguma forma convive comigo. A primeira postagem oficial teve como personagens o Pedro e a Pietra, que ainda demoraria um mês para sair da barriga da Pri.

Nunca tive uma regularidade de postagens, e os textos diminuíram ainda mais com o fim da graduação. Usei bastante a página ao longo dos semestres para contar as minhas experiências acadêmicas. Sempre sob a minha ótica. Já despejei sentimentos, escrevi com raiva, com amor, com saudade, com tristeza.

O objetivo este ano é, com a ajuda do namorado, começar a implantar algumas novidades por aqui. Tudo continua a ser relacionado a Vida de Marília, só vamos ampliar os horizontes. Cozinha, leitura, tecnologia e tudo mais que faz parte da minha rotina.

Espero que gostem! =]

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Não, eu não gosto de inverno

Odeio inverno! Assim, com todas as letras e a entonação mais forte que o ponto de exclamação pode dar. Nasci em plena a primavera, cresci no verão e não curto a estação mais fria do ano. Tá, tudo bem. Até posso elencar alguns pontos positivos - comer, dormir, dormir, comer - isso inclui ficar em casa.

Não posso ficar em casa, saio para trabalhar ainda noite e pego toda a cerração. Respiro água, minhas "ites" adoram. Passo meses fungando, tossindo, espirrando. Quando acho que o corpo se acostumou, a imunidade vai bem. Nada, tudo vai por água abaixo.

Andar cheia de roupa, casacos pesados, muitas cobertas, causam dor nas costas. Aquecedor, ar condicionado e afins ressecam o ar e causam uma sensação desagradável.

E os dias de chuva e abafamento. Tipo, essa semana no Rio Grande do Sul. Umidade que deixa a casa nojenta, não há o que seque o chão, nem as paredes. Álcool, ventilador, ar condicionado, nada.

Definitivamente, estou em contagem regressiva para o verão lá no dia 21 de dezembro. Pensando bem, a primavera em setembro já é uma boa.

terça-feira, 17 de junho de 2014

O resgate do Zé

Faz um mês. Era um sábado de manhã nublada, enquanto me aprontava para sair de casa escutava um choro desesperado de filhote de cachorro. Não consegui ser alheia a todo aquele desespero, saí na rua, olhei, procurei e nada. Na vizinhança todos os moradores de quatro patas já são grandinhos e não choram mais naquele tom. Mas, alguém chorava e muito.

Voltei para dentro de casa e segui ajeitando as coisas para sair, quando a mãe chegou comentei, a essa altura a Amora já estava em alas andando de um lado para o outro. Afinal, a audição dela é bem mais apurada do que a nossa. Olhamos, pensamos, e não imaginávamos de onde estava vindo o choro - que seguia constante.

Estávamos entrando no carro quando um senhor e a sua mãe pararam perto de uma pilha de tijolos, na obra aqui na esquina de casa. O choro vinha dali, sob o palete que apoiava os tijolos havia uma bolinha de pelos. Estica daqui, puxa de lá, peguei ele. Aconcheguei no colo e saímos, eu e a mãe, deixando os compromissos para trás. A ideia era conseguir alguém que ficasse com ele, que fosse cuidar. Ele resmungava, mas estava aparentemente gordinho e bem cuidado.

Uma tentativa, duas. Uma foto no Facebook. Até o início da tarde a estadia dele aqui em casa era temporária, ele iria para uma feira de adoção da ONG no domingo. Ou ainda tínhamos a esperança de encontrar o dono dele - um cachorro de cerca de 45 dias, aparentemente de raça. Mas, quando eu peguei ele para olhar mais de perto, mexer no pelo, e até dar um banho, já que ele estava sujo de ter ficado sob os tijolos, tive certeza que ele não tinha dono. E se tivesse alguém que se dizia dono eu não devolveria, ele tinha pulgas e carrapatos em todos as fases possíveis.

Dei banho, sequei, mimei. A mãe foi convencida, após algumas condições, sobre a permanência do moço aqui em casa. Batizado de Zé, o nome que o mano sempre quis dar a um cachorro desde que a Mell chegou aqui.


Registro dos primeiros dias do Zé no novo lar

Há um mês eu já dormi no sofá. Trabalhei em um domingo quase torta, afinal dividir o sofá com o Zé e com a Amora não é fácil. Dormi uma noite no chão da sala, com os dois em um colchão de solteiro. Transferi ele para o meu quarto, o travesseiro ao lado da cama, que a Amorinha não ocupa é dele. O travesseiro, o tapete, os pés da cama.

Ainda não consigo olhar para o José ou qualquer bichinho abandonado e entender como alguém tem coragem de fazer isso. Ele tem amor de sobra. Mesmo tendo sofrido demais. Como eu sei que ele sofreu? Ficar sob tijolos em uma manhã fria deve servir por si só. Mas, ele deve ter passado coisas piores. O motivo das minhas noite no sofá e no chão da sala é o desespero dele ao ficar sozinho e preso em algum lugar. Aqui em casa ele estava protegido e quentinho, e mesmo assim chorava. Já tivemos outros filhotes aqui, em que bastava tirar eles da "prisão" e o choro cessava. O Zé seguia chorando, tremia e nada que parasse antes de uma meia hora.

Hoje ele chora de sem vergonha, com a cara mais deslavada do mundo, uma cara de coitado. O choro ocorre na frente do sofá, do lado da minha cama, em frente ao armário da cozinha onde fica a ração ou ainda na frente que qualquer um que se mostre um colo em potencial. Ele quer carinho.

A Amora não curtiu muito a ideia de dividir o espaço e as coisas dela. Filha única. A relação dos dois é engraçada, é preciso dividir o colo, a comida, os brinquedos, a cama. Tudo é duplo, mas eles querem o mesmo. Quando são separados, um vai ao encontro do outro. Agora, tem um momento que ele ainda não entendeu que ela não quer brincadeiras: de manhã. O filhote de três meses pula da cama ligado na tomada, a filhote - velha ranzinza - de 11 meses demora a despertar, curte a preguiça e rosna a cada tentativa de contato.

Um mês depois

Posso dizer que o Zé já dobrou de tamanho e segue dormindo dentro de casa. Esperaremos os próximos meses para saber qual será o porte do moço de patas grande e fofíssimas. E, por mim, ele segue abrigado no quentinho da casa. Rua, frio, tijolos e choro nunca mais. Adote, resgate, é tudo de bom!

sábado, 14 de junho de 2014

É Copa do Mundo!

Quis o destino que a Copa do Mundo 2014 no Brasil fosse sinônimos de vários pontos negativos. Apesar disso tudo, acredito que os protestos e reivindicações deveriam ter sido feitos sete anos antes, em outubro de 2007 - quando o país-sede foi anunciado e todo mundo comemorou. Hoje desejaria que todos aproveitassem este um mês, que por várias edições me dá boas lembranças.

Não sei ao certo por qual motivo lembranças ligadas à Copa me vêm tão fácil na memória. Não sou aficionada por futebol, não morro por um jogo ou brigo por um. Torço, e só. Nasci em 1988, em 2014 vivo meu sétimo Mundial. O de 1990, na Alemanha, eu descarto - com dois anos não lembro de nada. Mas, das seguintes tenho cenas gravadas frame a frame.

O ano do tetra e a fatídica final entre Brasil e Itália. Em 1994 os Estados Unidos se tornaram sinônimo do grito desesperado do Galvão Bueno "é tetraaa, é tetraaa" e da mesma voz o "vai que é tua Taffarel". Sei que não foi só para mim, só que foi depois do grito que o pai pegou eu e depois o mano, um de cada vez, se posicionou ao lado da TV durante a comemoração e esperou que a mãe registrasse o momento em uma das 36 poses do filme.

Já na quarta série da escola eu não pude ver o penta chegar. E que decepção, a Copa da França em 1998 teria um registro único, um livro feito por mim em aula. Completei um a um dos jogos na tabela que havia sido recortada do jornal, pintei o mascote - um galo chamado Footix - e estampei a capa do conjunto de informações sobre a competição, a Seleção Brasileira, o país-sede e tudo mais.

Em 2002 tive minha segunda e última Copa do Mundo em período de escola. Na oitava série me engajei junto com a turma na equipe "Tô na área, se derrubar é pênalti", disputamos a gincana e vencemos. Posso afirmar que foi nesse ano que fiquei sabendo mais sobre outros mundiais. Lembro da noite que liguei de casa para um colega, um tarefa estava comigo, era preciso responder para entregar no outro dia. A questão não lembro ao certo, mas sei que a resposta era Alemanha.

Também, em 2002, fiz parte da torcida coruja. Era a primeira vez que a competição saía do eixo Europa-Américas e era realizada na Ásia. Jogos na madrugada, o Kaká jogando poucos minutos em uma partida cá outra lá, foi a primeira e única ocasião que tive uma pasta de fotos de um ídolo bonitinho. Não posso esquecer do cabelo estilo Cascão do Ronaldo Fenômeno e dos gols dele na partida decisiva, o jogo do penta.

O quinto mundial foi em um ano de transição - sem escola, sem universidade. O Pedro era um bebê de 1 ano e alguns meses. Assisti jogo a jogo ocorridos nas terras alemãs e o hexa não veio. Ah! A cabeçada do Zidane no Materazzi eu vi.

2010, mais um marco na história e a Copa era realizada no continente africano. Eu já estava no meio da graduação em Jornalismo, acompanhei o Aprendiz na Copa e novamente o Brasil não ocupou seu devido lugar. Nesse ano só se falava na próxima Copa, a do Brasil.

O ano tão esperado chegou e apesar dos pesares, não sou contra. Eu curto, é uma festa ímpar, única. Espero que o hexa venha, que a minha lista de memórias ganhe inúmeros itens. E garanto, os primeiros já foram escritos nestes três primeiros dias de competição.

Posso começar pelo nome da bola e do mascote - a Brazuca e o Fuleco. A tal da Caxirola, que deveria ocupar o lugar como vuvuzela brasileira, mas foi descartada no primeiro teste. Este também é o primeiro Mundial que passo namorando. Tem o Jô na Seleção, o Jô! Espero ver o Oscar como o cara da Copa, pelo bom jogador, menos badalado e as raízes coloradas. Ah, não lembro de ter tido uma overdose tão grande de jogos transmitidos em TV aberta.

Aproveitem, é um mês que preenche anos (quatro, mais exatamente!).

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