sexta-feira, 9 de novembro de 2012

10 anos com Mell

No último domingo, 4 de novembro, a Mell completou dez anos aqui em casa. Parece que foi ontem, uma noite de segunda-feira passava das 23 horas e o pai ainda não tinha chegado. Na época ele tinha um caminhão e sem cerimônia buzinou na frente da casa. Sabe como é buzina a ar? Pois bem! A mãe saiu na porta, nada feliz pelo barulho e ele sem dizer nada entregou um moletom, bem enroladinho e arrancou o caminhão.

Já tínhamos um pastor alemão e há anos eu não sabia o que era ter um cachorro pequeno, desde que a Kika e a Kity tinham ido morar em outra casa. A mãe entrou na sala e abriu o moletom, que reservava uma bolinha preta peluda cheia de pulgas. Lembro nitidamente, o mano gritou “é o Zé” e eu disse “é a Mell”. A mãe, meio sem reação, só respondeu “vamos esperar o pai.” Nunca ele demorou tanto para chegar do posto até em casa.

Ele chegou e disse que tinha ganhado a Mell e que era minha, meu presente de aniversário adiantado alguns dias. A minha Mell! O pai também disse que ela ficaria na rua, tudo bem né, se não tinha outra opção. Esperta como só, a bolinha preta que ganhou vários banhos nos primeiros dias saiu pelo portão e foi recolhida pela Laura. Depois disso, estava decidido, ela ficaria dentro de casa até ficar maior. E quando ela ficou maior? Ninguém teve coragem de colocar ela na rua.

Hoje, a Mell tem certeza que é gente. Dona de duas camas e de todos os sofás da casa, não perde a oportunidade de andar de carro ou de passear até a esquina. Fica feliz a cada mimo, adora crianças e faz uma festa sem medida quando chegamos, mesmo que tenhamos saído apenas por um minuto. Ela também tem uma preguiça, dizem que o cachorro é o espelho do dono, então a preta aprendeu bem. E outra, ela odeia vassouras e aspirador de pó.

A dona Mell é contra cachorros. Sim, ela não gosta da espécie dela, ignora, ainda mais se forem filhotes brincalhões. Ao contrário de bebês, esses, por ela, deita junto.

Não me imagino sem ela e nem quero que esse dia chegue. Sei que um dia ela vai, todos nós vamos. E o que me consola é pensar que os cachorros morrem cedo porque eles já nascem sabendo amar de um jeito que nós, demoramos anos para aprender.

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