segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Uma casa sem alegria

Quem já teve cachorro vai entender, não importa o tamanho ou a raça, eles são sempre sinônimo de casa cheia, de alegria no ar como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Aqui em casa já tivemos grandes, pequenos, de raça, calmos, nervosos, metidos, carinhosos.

Minha primeira experiência de alegria se chamava Pituca, a minha Pituquinha. Fresca, eu consegui uma alergia e a Pituca foi embora. Eu era pequena, e digamos, superei a ida da bolinha peluda embora porque não tinha me feito bem.

Anos mais tarde, não sei quantos, pude pegar uma mistura de Fox com vira-lata, branca com manchas pretas. A minha Kika. Quando a bolinha chegou aqui tínhamos o Russo, um pastor alemão que já chegou aqui crescido, dono de uma educação sem tamanho e um carinho imensurável. Espirituoso, raramente era xingado, mas certo dia o pai pegou o relho para impor respeito e ele? Abocanhou o objeto da mão do pai, virou as costas e saiu. DO gênero, quem manda aqui sou eu. O Russo morreu já com idade avançado depois de uma pneumonia.

Voltando a Kika, ela me proporcionou, além da alegria, uma experiência única - uma ninhada de três lindos filhotes. Kity, Kiko e o Kako, assim tudo com "K" para combinar. Eles adoravam dormir dentro da barraquinha da Turma da Mônica que eu tinha. Os dois machos foram doados, o dia que a mãe me fez entregar o Kako eu morri chorando, por mim todos seguiriam aqui em casa. A Kity ficou aqui em casa.

Na época em que os filhotes nasceram o Kadu já estava aqui em casa, o meu ursão que comia bergamotas. Esse não me obedecia de jeito algum, se estivesse só eu e ele em casa, ele abria a porta, deitava no meio da sala e não tinha como tirar.

A Kika e a Kity foram levadas aqui de casa para o engenho, porque lá tinha mais espaço, depois elas foram doadas em uma fazenda, onde o espaço era ainda maior.Não lembro que ano foi isso, mas doeu.

Em 2002 a minha Mell veio para preencher as minhas tardes de preguiça depois do colégio. Essa foi especial, foi minha melhor. Proibi que cogitassem a possibilidade dela dar cria, não sofreria mais uma vez tendo que doar os filhotes. Cuidamos dela sempre do melhor modo, ela tinha todas as regalias possíveis. Mandava no Kadu como ninguém.

O Kadu nos deixou em 2011, depois de me fazer companhia na última madrugada da monografia, deitado como sempre nos meus pés, do lado do sofá.

Exatamente um ano e seis meses depois foi a vez da Mell nos deixar, o último dia dela foi deitada no meio de nós quatro no ar condicionado olhando televisão com muita preguiça.

Hoje a casa não tem alegria, agora me peguei sozinha na sala e me sentindo muito sozinha, pensando em tomar chimarrão enquanto olho a novela. Mas, ninguém vai pedir um canto no sofá, ninguém vai abrir a porta e deitar onde bem entender depois de comer a ração da Mell na cozinha. Mais cedo, quando fui almoçar cheguei a perguntar em pensamento para a mãe "cadê a Mellzinha?". Foi assim que eu sempre fiz, aí me dei conta que ela não vai aparecer.

Hoje só quem tem cachorro e acredita nessa amizade verdadeira vai entender o que eu senti, o que estou sentindo.

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